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Inebriante

Garden Garment
acrylic on wood, 40"x32", Duy Huynh



A pele
Só a pele bastaria
Mas há também o perfume
Essa mescla de vida em intensidade
E a expressão
Sublime

Os passos
Num caminhar dançante
Subtileza de garça
Entre as ervas da fantasia
À procura de sonhos

Perante ti
Nada mais a existir
Nada mais a procurar
Toda tu preenches
Os espaços infinitos
E o tempo explode
O tempo torna-se ridiculamente vazio
Sem medida...

Deliro
Vejo cores em frequências impossíveis de enxergar
Bebo dos teus lábios
Macios, frutados, faiscantes
E apaziguo-me na levedura da sensação
Os sentidos em febril eloquência
Despertam, endoidecem, hiperbolizam-se
São maiores que o seu tamanho
São sem tamanho

Inebriante
Tu és o meu tempo no espaço
És a direcção irreal na arquitectura impossível do amanhã.

Pedro Barão de Campos.


Paisagens de madeira, texturas de sede
É este o verso que incendeia a alma
Antes de abrir a porta ao desespero

Fito, solene
A estrada adiante
É como um rio pálido
De que me arrependo

Energicamente, o assobio, ao longe
Ventilando entre a voz, a noite
De que tempo é o meu desejo?
Em que mãos me alucino?

Vigoroso, o rasto no céu
De uma asa entreaberta como uma cortina
Sou de uma caverna, escura e fria
Onde o primitivismo ainda habita!

As mãos pegam em pedras
Dessas que há por aí, no chão
E também dentro do peito de alguns
Onde formam cordilheiras de rochas duras, cinzentas e cruas
Só beijadas pelo vento e pela chuva do inverno.

Pedro Barão de Campos.